Moro na praia! Sinto tristeza por morar perto do mar, mas longe da civilização! Me dá certa infelicidade em ver as ondas, gemendo por terem que arrebentar num lugar tão abandonado. No lugar aonde moro há uma ponte que atravessa um município ao outro, mas a ponte está a perigo. No lugar aonde moro há praças, mas que estão com a grama enorme! No lugar aonde moro há ruas asfaltadas, mas com crateras importadas da lua! No lugar aonde moro há chuvas que alagam a cidade, e tiram estupidamente as chances de romantismo. No lugar aonde moro há o mar, que envergonhado e furioso com o descaso, faz protesto em forma de ressacas durante quase todos os meses do inverno. Às vezes tenho vontade de ser o neurônio de um político. Sim, só podem ter um! Alguém duvida disso? Queria saber o que passa na cabeça oca da maioria destes coitados? São vermes que se alimentam da ingenuidade de um povo enganado por um sistema construído para torná-los vítimas, presas fáceis da safadeza alheia. Falta vergonha na cara! Até quando estes canalhas vão bancar os senhores feudais, escondidos em seus carros e roupas pagos com o nosso dinheiro? Perdemos a paciência Doutores! Na cidade aonde moro, vivem meia dúzia de pessoas que se contentam em defender as suas felicidades, mas esquecem dos infelizes. Na cidade aonde moro, os infelizes são infelizes, por saberem que é possível a felicidade. Na cidade aonde moro, até os peixes devem entender mais de cidadania que os cidadãos. Aceitamos os nossos vereadores corruptos, prefeitos que nunca sabem de nada, as escolas com falta de professores, concursos para meia dúzia de vagas, a falta de pediatras, de limpeza urbana, de uma biblioteca decente...
No lugar aonde morro, tenho dó do mar!
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