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quarta-feira, abril 24, 2013

Pintando nuvens


Não acredito na colheita do bom semeador.  Aquela história que aqui se faz e aqui se paga é puro engodo. Nascemos e nos desenvolvemos com o medo nos dando limitações. Somos seres que não nascemos ruins, mas não nascemos com o coração puro. Simplesmente nascemos.  A arte talvez seja a maior prova de que somos seres incompletos. Não fazemos arte devido a sua beleza, mas pela necessidade. Escutei de alguém  que o Facebook está cheio de artistas. E isso me foi dito num  tom pejorativo. Óbvio que o Facebook está cheio de artistas! Não só o Facebook, como todos os meios de comunicação gratuitos da Web, estão repletos de artistas emergentes ou não.  O nosso papel nestas mídias, além de divulgar o trabalho que nos esforçamos para fazer, é o de levar a dúvida onde há certezas. Cutucar o indivíduo acomodado e fazê-lo melhor. Somos transformadores e não tomadas! Geramos energia! Não tememos o destino! Essa ladainha de deixa a vida me levar... pra nós não rola amigo. Não somos revoltados, como dizem por aí, somos críticos. Alguns chegam a julgar o trabalho do artista de maneira equivocada.  A sombra de suas lindas e bem sucedidas profissões, são capazes de jurar que passamos muito trabalho. Levamos a fama de vagabundos quando trabalhamos pouco e de coitados quando trabalhamos além da conta.  É comum escutar que o nosso esforço não vai dar em nada. Ou ainda, que tem muita gente fazendo e falta mercado para tamanha população de artistas. Pior é ouvir que todo mundo quer ser artista, pois é uma vida sem horários. Creio na diferença e respeito todas as opiniões, mas isso não quer dizer a ausência de resposta por nossa parte. Tenho certeza que a nossa semente é de outro planeta.  Que o nosso solo não é comum.  Não plantamos nosso trabalho na terra, pintamos nuvens.  Tanta  maldade por aí e ficamos distraídos produzindo nossos quadros, esculpindo madeiras, arrumando violões, compondo, desenhando... somos seres estranhos mesmo.  Não nos encaixamos no tempo que a sociedade apontou como único. Nosso tempo é outro. Temos sensibilidade e fazemos força para sensibilizar o outro. Somos um bando de "bocô", como diria o poeta  Manoel de Barros. Não creio na bondade ou maldade divina. Tenho fé e tenho pé para correr atrás das estrelas que nunca alcancei. O resto é nada.

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