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quarta-feira, setembro 21, 2011

Tem alguém aí?

 
Hoje eu senti vontade de colocar todo mundo que eu gosto dentro de uma caixinha. Guardar para proteger das crueldades que a gente vê todos os dias. Acho que é normal, mas de vez em quando me dá uma certa angústia de ter consciência da finitude. Não que eu me importe de ter fim, o que eu não gosto é do desaparecimento dos outros. A vida é engraçada mesmo, vivemos como se tivéssemos certeza de tudo e na verdade, se é que existe alguma verdade, não temos certeza de absolutamente nada. Sinceramente não consigo entender aqueles que passam a vida inteira conformados. Penso que a inconformidade seja algo natural do ser humano. Tão natural quanto ir ao banheiro. Não podemos mais sentir culpa por ficarmos desacomodados com alguma coisa que nos feriu. Temos que retirar este fardo da culpa de cima de nós. Não vamos para o inferno por não dar esmola. Não queimaremos em chamas por achar que a igreja católica não foi honesta e continua não sendo com os seus seguidores. Não precisamos ir a missa para entrar no reino divino. Não nascemos cristãos! Aliás, nem sabemos o motivo pelo qual nascemos. Enchemos nossas vidas com afazeres que nos tornam mais felizes ou não. Passeio pelas ruas e observo a pressa do mundo. A agitação nas filas dos bancos, o sorriso do carteiro entregando as contas. Sim, em tempos de e-mails os carteiros não entregam mais cartas, entregam contas. Os carros enfurecidos na guerra do trânsito. O bêbado que dorme sobre a mesa da lanchonete. Todo mundo tem algo a resolver ou a esquecer. Tudo isso é a vida pulsando. Tenho a nítida impressão que pensar a vida em voz alta como algo inexplicável é careta. Moderno é fazer de conta que somos todos eternos, inteligentes, jovens e bonitos. Os inconformados são chatos, vivem reclamando de tudo. Uns chorões. Os fortes são os que nos roubam, humilham crianças e adoecem nações inteiras com suas ganâncias. Estes vão para qual lugar depois? Sou inconformado sim! Não me conformo com a violência, com a fome, com a corrupção tão em moda ou com a discriminação que já virou assunto de novela. Hoje eu senti vontade de reunir todo o planeta e perguntar: e agora? Qual a próxima ideia brilhante? Depois percebi que tudo isso é uma bobagem. Que não adianta mais. Estão todos muito ocupados nas redes sociais, mostrando para quem quiser ver o quanto suas vidas são interessantes. Inclusive eu! Melhor deixar pra lá e ir dormir.
 Boa noite!
 

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