Quando olho para os lados e lembro que resisti durante estes anos todos sinto um frio na barriga parecido com o de um soldado que sobrevive a uma guerra. Vários caíram, machucados, magoados, tropeçaram na falível certeza de que tudo um dia vai dar certo. A música não gosta dos homens fracos. Escolhe a dedo os seus combatentes. A ironia é que, os eleitos nem sempre são os melhores. Alguns por teimosia e outros por destino, ficam cara a cara com a possibilidade de construir um futuro junto a música e isso não é assim tão maravilhoso como todos pensam. Algumas pessoas que enxergam e comentam as fotos dos shows que posto no Facebook acreditam cegamente que tudo é lindo. Saibam que até as rosas são cheias de espinhos. Quando chego em casa e reflito sobre o que fiz percebo que a parte realmente importante, aquilo que importa de verdade, por mais que eu queira mostrar, fica somente pra mim. Posso fazer uma multidão sorrir, cantar e se divertir. Mas, isso não quer dizer que depois que o show acaba, elas serão mais ou menos felizes. As solidões ou as alegrias de um artista são tão grandes que não cabem no coração das outras pessoas. Talvez ambas, por serem imensas, não sejam visíveis. Quantos amigos jogaram a toalha por motivos ínfimos, outros por falta de tempo deram passagem para a minha euforia criativa. Entender a canção infantil como algo necessário para o crescimento humano é uma tarefa sensível e necessária. Quando falo em solidão não estou falando em tristeza. Talvez só um pouquinho. Os homens da minha idade parecem mais homens que eu. Suas vidas parecem mais sérias e seus pensamentos mais concretos. É sempre difícil entender o abstrato. Embora a ideia para uma letra ou música não seja algo materializado. Tudo na minha vida fica no mundo da lua e isso não é um lamento. Penso que estes homens a que me refiro estão sempre na segunda feira e eu no sábado.
Alguns lugares em que apresento as minhas canções fico com a certeza que só eu poderia fazer aquilo. Em outros, consigo identificar imediatamente que não agrado tanto assim. Tenho certeza que alguns professores me odeiam. Assim como tenho certeza que outros me adoram. Juro que há momentos em que me sinto um ET passeando em um shopping. O som dos aplausos das crianças soam como um dia de sol depois da chuva. Deixar que a música faça seu trabalho mágico me usando como meio é o que posso oferecer para a minha vida. Não sou um músico excelente e tão pouco um cantor com uma voz poderosa. Existem milhões melhores. Escolhi fazer isso, mas posso garantir que também fui agraciado pelo o que chamamos de destino. Uma amiga querida disse um dia que eu deveria assumir que sou um artista. Na época achei isso o máximo. Minha ingenuidade naquele tempo não me deixava ver que tudo na vida tem o tal do bônus e do ônus. Estou começando a perceber que as flores enfeitam, mas também sofrem por suas belezas.
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