Quanto mais perto mais longe. É assim que prefiro pensar os sonhos. Ganhei muitos sorrisos neste ano que está terminando. Ou seria, neste mundo que está acabando? Vai saber? As situações mais engraçadas, emocionantes, ridículas, tristes e tudo mais tive que viver sozinho. Não consegui compartilhar com ninguém. Apenas as fotos ficaram como lembranças a serem observadas junto aos mais curiosos. Passei por muitas cidades, hotéis incríveis e outros lamentáveis. Viagens de ônibus, de carro e até de Fusca. As crianças me receberam incrivelmente bem em todos os shows. Todos! O Zuando Som está começando a ficar do jeito que imaginei. Apresento apenas com o violão e a voz. Em alguns lugares como Panambí - RS foram mais de 2.000 crianças ao total das cinco apresentações em dois dias. Fui para lugares distantes como Manoel Viana e outros ao lado de casa como Tramandaí. Passei noites inteiras viajando e dias repletos de felicidade. O palco é a minha primeira casa. Me sinto bem ali. É como se eu soubesse o que fazer mesmo sem saber direito. Quando volto pra casa (família) preciso sair de novo e de novo e de novo e de novo...algo fica torto em mim sem a estrada. Na verdade, não seria a estrada em si, mas o que ela provoca. A saudade, a lágrima, o frio na barriga de cantar e contar canções e histórias para quem nunca me viu. Alguns amigos perguntam se não sinto a falta dos filhos...óbvio que sinto! Por outro lado, quando estou no lar me divirto com eles. Vejo muitos pais presentes mais ausentes do que eu. Com o Zuando Som vou ao céu e toco as nuvens. O anjo Malaquias cruza por mim e abana com as suas asas na bunda. Gosto de pensar em algo não passageiro. Há tempos me peguei pensando até quando eu poderia continuar com as performances? A duração máxima é de cinquenta minutos cada uma. Em alguns lugares me entreguei tanto que saí com a nítida impressão que estava com febre. Tive que me cobrir com cobertor e dormir até o outro dia para melhorar. Acredito que não vou conseguir fazer isso para sempre. Digo, deve ter uma idade limite. Eu acharia o máximo assistir a um velho brincando com as crianças através de um violão e algumas canções. Seria mais legal que agora! Mas, na prática vai faltar força. Por enquanto pretendo ir montando a minha vida como um mosaico. Sem muita pressa e com muita paciência. Fé e Pé pra sempre!
Nenhum comentário:
Postar um comentário