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segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Singular


Escrever canções para as crianças obriga o compositor a pensar  como uma criança ou como observador da infância.  Difícil é ter este olhar ingênuo no meio de tantas coisas complicadas do dia a dia. O trânsito, a pressa, o caos das cidades são avassaladores para a criação. Alguns, mais românticos do que eu, preferem escrever quando o bicho pega. Sou totalmente ao contrário. Para ter aquilo que chamamos de inspiração preciso ficar distante da bagunça e perto do coração.  "Se eu quiser falar com Deus tenho que apagar a luz". Escrever para as crianças tem um pouco disso. O silêncio antes da caneta é o que faz toda diferença. Um silêncio feliz, um silêncio calmo, o silêncio da chuva serena cheio de sons e imagens.  Tenho um milhão de pessoas para amar e não posso perder tempo com o atrapalho dos que amam errado.  Diversas vezes me sinto o próprio Pequeno Príncipe, cheio de perguntas ingênuas para as pessoas erradas.  Outras, não tenho a paciência que deveria ter para esperar as respostas que gostaria de ouvir. Talvez, neste universo lúdico, a vida funcione mesmo um pouco diferente. E isso não é ruim, é singular!

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