Escrever canções para as crianças
obriga o compositor a pensar como uma
criança ou como observador da infância.
Difícil é ter este olhar ingênuo no meio de tantas coisas complicadas do
dia a dia. O trânsito, a pressa, o caos das cidades são avassaladores para a
criação. Alguns, mais românticos do que eu, preferem escrever quando o bicho pega.
Sou totalmente ao contrário. Para ter aquilo que chamamos de inspiração preciso
ficar distante da bagunça e perto do coração.
"Se eu quiser falar com Deus tenho que apagar a luz". Escrever
para as crianças tem um pouco disso. O silêncio antes da caneta é o que faz
toda diferença. Um silêncio feliz, um silêncio calmo, o silêncio da chuva
serena cheio de sons e imagens. Tenho um
milhão de pessoas para amar e não posso perder tempo com o atrapalho dos que
amam errado. Diversas vezes me sinto o
próprio Pequeno Príncipe, cheio de perguntas ingênuas para as pessoas erradas. Outras, não tenho a paciência que deveria ter
para esperar as respostas que gostaria de ouvir. Talvez, neste universo lúdico, a vida funcione mesmo um pouco diferente. E isso não é ruim, é singular!
Nenhum comentário:
Postar um comentário