- Sabia que o meu nome é Matheus? Eu também não tenho avô!É chato né?
Ele estava se referindo a canção Vovó e Vovô, que eu havia tocado minutos atrás. A minha reação foi de perplexidade! Ele estava contando pra mim que estava triste e que no seu mundo existia uma perda, uma dor! Por alguns minutos ficamos em silêncio. Um olhando para o outro. Dois desconhecidos unidos pela letra de uma canção. O que eu poderia fazer? Nunca passou pela minha cabeça uma cena tão querida. Naquele momento, já desconcertado, dei-lhe um abraço apertado e um beijo na sua gorda bochecha tentando me consolar.
Segue a letra:
Vovó e Vovô
Meu vovô
Sabe muita coisa que eu não sei
Ele tá ligado
Em quase tudo que eu faço
E a vovó
Me conta mil histórias é um barato
Canta tantas canções
Talvez mais de cem
Mas o João não tem vovô
E o Pedro nem conheceu sua vovó
Matheus também nasceu sem
E o Guilherme chama de papai o avô
Perto da minha casa
Mora uma vovó
Que virou a vovó
De todo mundo
Ela é negra branca
Amarela e vermelha
Ela é linda de tanta cor que tem
Ela dança
Ela brinca comigo
Tem comida diferente que faz bem
O coração dela é gigante
E a brincadeira mais gostosa
É a do Trem.
Papai, mamãe
Vovó, vovô
A convivência com os Mestres Griôs fez com que a relação entre netos e avôs me comovesse muito. A avó contadora de história, a negra orgulhosa da sua comida que transcende os séculos, as brincadeiras... O amor doado pelos avôs, aqui lembrado pela afetividade mútua, faz o adulto que narra a história, lembrar da infância e lamentar a falta que hoje faz os avós.
Nos dias atuais, os vovôs e as vovós estão como se diz, voando as tranças por aí. São internautas, dançarinos, sambistas, pintores e estão muito espertos e atualizados. Esta canção é uma homenagem a todos e todas que não tem ou nunca tiveram os avós por perto.
Mestre Griô Dona Sirley e o produtor e músico do ZS Rodrigo Sadol
Fé e Pé!
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