Andava com a camisa do time comprada a preço de ouro em dez
vezes sem juros e cheio de orgulho. Sabia mais sobre o seu atacante do que da
própria vida. Esperava como quem espera um Carnaval pelo próximo jogo. Dia de jogo era dia de trabalhar menos. Dia
de jogo era o dia da felicidade, de justificar o churrasco, a cerveja o
encontro com os amigos. O craque das opiniões, sabia, gritava, batia no peito
em meio a cigarros e mulheres. Tinha certeza absoluta como resolver o jogo, a
falta, o pênalti. Lia, descobria o que se falava nos vestiários. Nas ruas, era
o rei da bola. Jogava no bicho, na loteria e comprava correntes para pendurar
em seu peito largo. Chorava cantando o hino, beijava o brasão e sonhava com mundiais.
Queria ter sido jogador, mas desistiu. Queria ter sido o que quis, mas não foi.
Seus olhos brilhavam a cada lance, a cada dividida, a cada gol. Era sócio,
participava, ajudava o clube a se tornar cada vez maior, melhor, incomparável.
Deus!
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