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terça-feira, julho 08, 2014

Dono da bola

Andava com a camisa do time comprada a preço de ouro em dez vezes sem juros e cheio de orgulho. Sabia mais sobre o seu atacante do que da própria vida. Esperava como quem espera um Carnaval pelo próximo jogo.  Dia de jogo era dia de trabalhar menos. Dia de jogo era o dia da felicidade, de justificar o churrasco, a cerveja o encontro com os amigos. O craque das opiniões, sabia, gritava, batia no peito em meio a cigarros e mulheres. Tinha certeza absoluta como resolver o jogo, a falta, o pênalti. Lia, descobria o que se falava nos vestiários. Nas ruas, era o rei da bola. Jogava no bicho, na loteria e comprava correntes para pendurar em seu peito largo. Chorava cantando o hino, beijava o brasão e sonhava com mundiais. Queria ter sido jogador, mas desistiu. Queria ter sido o que quis, mas não foi. Seus olhos brilhavam a cada lance, a cada dividida, a cada gol. Era sócio, participava, ajudava o clube a se tornar cada vez maior, melhor, incomparável. Deus! 

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